Preciso escrever um artigo científico. E agora?

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Escrever um artigo científico é uma das etapas mais difíceis para diversos estudantes e pesquisadores.

Como apresentar os achados do meu estudo de forma clara, precisa e concisa?

Sim! Não é nada fácil. 😟 Por isso, para tentar te ajudar neste desafio, peguei vários materiais publicados e fiz esse compilado com dicas para facilitar a escrita científica. Você pode encontrar as referências no final desse texto. Todos os créditos são dados às referências citadas.

Antes de começar

OK! Não dá mais para adiar. 😖 Precisamos começar a escrita.

Mas antes de se perguntar “como começar?”, pense em “quando e onde” você estará mais sereno, criativo e produtivo na escrita.

Digo isso porque diversos fatores vão influenciar nesta atividade, como o ambiente (um local barulhente nem sempre ajuda, não é mesmo?! 🔊), o dia da semana (talvez escrever no sábado não seja tão atrativo 📅), o horário (logo após o almoço pode bater um soninho e a mente não vai ajudar 🕑).

Procure refletir sobre isso! Tente se autocompreender. Esta etapa é fundamental! 😉

Estrutura básica

De forma geral, a nossa escrita científica será construída da seguinte forma:

  1. Comece criando um esqueleto para o seu texto, escrevendo tópicos de uma única palavra ou frases curtas indicando a mensagem principal de cada parágrafo. Essas inspirações podem vir dos artigos que você leu ao longo do seu estudo.
  2. Reúna as principais publicações relacionadas ao seu artigo e adicione notas em cada tópico com as citações apropriadas.
  3. Substitua as notas por frases para construir um parágrafo (de aproximadamente 6 a 8 frases). ⚠️Cuidado com o plágio! Às vezes consideramos o texto do artigo tão perfeito que queremos simplesmente copiar e colar no nosso artigo. Isso não pode! Capture apenas as ideias e escreva com suas palavras.
  4. Reescreva as frases até que todo o parágrafo fique bem amarrado.
  5. Verifique se o parágrafo tem um início ou primeira frase que resume a essência do parágrafo e uma ponte ou frase final que se conecta com o próximo parágrafo.

Escreva enquanto sentir que está indo bem, mas se sentir que travou em algum ponto, faça uma pausa, respire, beba uma água, vá ao banheiro. Mas não desista! Recomenda-se usar pequenas pausas (de 5 a 10 minutos) para limpar a mente e pausas mais longas (várias horas ou dias) para criar tempo suficiente para reflexão.

É importante definir metas intermediárias viáveis (por exemplo, “Quero enviar um esboço do meu artigo para meu orientador até o final da semana”) e meta final (por exemplo, “Quero enviar o artigo para a revista antes do final do mês”). Desmembrar metas intermediárias em tarefas menores também ajuda, pois você passa a ter a sensação de que cumpriu diversos objetivos em um dia, na semana…

A escrita

Ao escrever um artigo científico, precisamos ter em mente que a escrita precisa convencer o público-alvo de que a pesquisa apresentada é importante, válida e relevante para outros cientistas da mesma área. Por isso, precisamos deixar bem claro, por meio da escrita, qual a motivação do nosso estudo, quais resultados foram observados, além de incluir evidências suficientes para estabelecer a validade desses resultados.

Elimine qualquer floreio e escolha palavras simples que transmitam seu ponto de vista da forma mais clara possível. Embora as vozes passivas e ativas possam se complementar em situações específicas, sempre que possível escolha a voz ativa.

A grande maioria dos artigos são estruturados cronologicamente em cinco seções:

  1. Introdução
  2. Materiais e Métodos
  3. Resultados
  4. Discussão
  5. Conclusão

Além destas seções, os artigos possuem componentes obrigatórios. São estes:

Título

O título precisa ser elucidativo, preciso e curto. Recomenda-se não exceder de 10 a 12 palavras, sendo indicado que sua escrita seja realizada no final do trabalho, quando se tem um panorama geral do estudo. Um título provisório deve ser colocado, desde o início, para fins de identificação.

Ao escrever o título, procure colocar as palavras-chave mais importantes no início do título, pois os leitores foicam suas atenções no início do título. Embora os títulos corridos possam conter abreviações, evite-as.

Autores

Autores são todos aqueles que contribuíram efetivamente com ideias próprias, participaram de sua idealização e conhecem-no o suficiente para o apresentar e defender em qualquer apresentação. Além dos nomes, devem estar explícitos a instituição de origem, a qualificação dos autores e, sugere-se, incluir formas de contato. Os autores geralmente são solicitados a preencher e assinar formulários de autoria e conflito de interesses.

Colaboradores que não se qualificam para autoria podem ser listados nos agradecimentos (com permissão), preferencialmente acompanhados de uma declaração de sua contribuição. Sabe quando você ajuda seu colega em algum experimento? Pois bem, ali foi apenas uma contribuição e não se enquadra como autoria.

Para diversas revistas científica, o primeiro autor é a posição mais importante (normalmente é o responsável pela pesquisa e o que mais contribuiu para o trabalho), seguido pelo último autor (orientador) e o segundo autor. Alguns periódicos permitem a primeira autoria conjunta, sendo geralmente indicada por uma nota. Muitos periódicos também solicitarão que um autor seja identificado como autor correspondente. O autor correspondente é o principal contato para questões relacionadas ao trabalho durante o processo editorial e após a publicação. Muitas vezes, o autor correspondente será o primeiro ou o último autor que o supervisionou.

Resumo

O resumo localiza-se antes da Introdução e tem o objetivo de resumir a motivação e o resultado do trabalho. Revelam o início e o fim da história – brevemente – antes de fornecer a história completa.

Normalmente são estruturados em introdução, com o objetivo do estudo apresentado logo no início, principais itens do método e os principais resultados e conclusões. A seção de resultados é a parte mais importante do resumo. Apresente de forma clara a resposta à pergunta de pesquisa. Se você relatar porcentagens, forneça o tamanho da amostra. Nunca apresente apenas valores-p, mas forneça tamanhos de efeito (com intervalos de confiança de 95%).

Normalmente, os resumos variam de 200 a 300 palavras.

Uma dica é usar as palavras-chave de cada seção do artigo para construir o resumo. Limite suas declarações em cada seção a duas ou três frases. Tente usar frases curtas, linguagem simples e combinações de palavras comuns e evite ao máximo a voz passiva.

Depois que o resumo estiver concluído, faça as seguintes perguntas:

O que é conhecido e por que este estudo é necessário?” (Introdução)

O que fizemos?” (Métodos)

O que encontramos?” (Resultados)

O que isso significa?” (Discussão/Conclusão). 

Pergunte-se também “E daí?”; é isso que editores e revisores costumam se perguntar ao revisar artigos. Veja se você consegue entender o artigo apenas pelo resumo.

Próximos aos resumos encontramos as palavras chave ou descritores. Essas expressões identificam o tema do artigo com vistas à sua catalogação. Devem facilitar a busca do artigo nas bases de dados. Normalmente usa-se até 5 descritores.

Introdução

A primeira seção tem como objetivo apresentar a motivação do trabalho, preparando os leitores para a estrutura do artigo. Ela fornece informações básicas relevantes sobre o tema e identifica o problema que você planeja abordar. Nesta seção você também citará a lacuna que existe sobre o tema que está sendo estudado e declarará como seu trabalho contribuirá para preencher essa lacuna.

Uma boa estratégia é estrutura a introdução em quatro partes: contexto, necessidade, tarefa e objeto.

Contexto

O primeiro parágrafo da introdução serve para apresentarmos nossa pesquisa em um contexto amplo que alguém de fora da área entenderia, afunilando o escopo até chegar à pergunta específica que você está tentando responder.

AMPLO → ESPECÍFICO

Considere ancorar o contexto no tempo, usando frases como recentemente, nos últimos 10 anos ou desde o início dos anos 90 e/ou o contexto no espaço (seja geograficamente ou dentro de um determinado campo de pesquisa). É muito comum, quando estamos estudando algo em determinado país ou região, traçarmos um panorama no mundo e ir afunilando os dados para a nossa região de interesse.

Necessidade

O segundo parágrafo pode ser utilizado para você afirmar a necessidade do seu trabalho como uma oposição entre situações reais (o que é conhecido sobre o assunto específico) e desejadas (o que ainda é desconhecido). Comece declarando a situação real (o que já temos na literatura) como uma continuação direta do contexto do parágrafo anterior. Em seguida, indique a situação desejada (o que queremos), identificando as lacunas nas evidências. Enfatize o contraste entre as situações reais e desejadas com palavras como mas, porém, ou infelizmente. Recomenda-se combinar a necessidade com a tarefa (próximo parágrafo) em uma única frase, expressando primeiro o objetivo seguida da ação empregada para atingir esse objetivo. Vejamos alguns exemplos desta combinação:

  • Para confirmar essa suposição (necessidade), estudamos os efeitos de uma série de inibidores de canais de conexina (tarefa) …
  • Para avaliar se esses sensores de bobina múltipla têm um desempenho melhor do que os de sinal único (necessidade), testamos dois deles - o DuoPXK e o GEMM3 - em um campo onde (tarefa)…
  • Para formar uma melhor visão da distribuição global e infecciosidade deste patógeno (necessidade), examinamos 1645 anfíbios pós-metamórficos e adultos coletados de 27 países entre 1984 e 2006 para a presença de (tarefa)…

Essa parte da introdução deve se conectar com a discussão, mas evitar muita sobreposição. Deixe as comparações com outros estudos para a discussão. 

Tarefa

O terceiro parágrafo destina-se à tarefa. Aqui você indicará o que fez para atender a necessidade (Lembra da combinação que falamos anteriormente?😉).

Procure usar na estrutura:

  • Quem fez o trabalho (normalmente, você e seus colegas) como sujeito da frase: nós ou os autores;
  • Um verbo expressando uma ação de pesquisa (e no passado): aplicar, avaliar, calcular, comparar, computar, determinar, desenvolver, explorar, implementar, investigar, medir, modelar*…

Vejamos alguns exemplos:

  • Para confirmar essa suposição, estudamos os efeitos de uma série de inibidores de canais de conexina, como os peptídeos miméticos de conexina Gap26 e Gap27 e anticorpos antipeptídeos, na sinalização de cálcio em células cardíacas e células HeLa expressando conexinas.
  • Durante experimentos controlados, investigamos a influência das condições de contorno de HMP nos fluxos do fígado.
  • Para resolver esse problema, desenvolvemos uma nova técnica de verificação de software chamada de oblivious hashing, que calcula os valores de hash com base na execução real do programa.

Objeto

O quarto parágrafo prepara os leitores para a estrutura do artigo, permitindo uma leitura focada ou seletiva.

  • Procure usar o próprio documento como sujeito da frase: este artigo, este trabalho, este estudo etc.;
  • Use um verbo (no presente) expressando uma ação de comunicação: apresenta, resume, esclarece, descreve, detalha, discute, explica, propõe, fornece, relata, resume etc.

Vejamos alguns exemplos:

  • Este artigo esclarece o papel da CxHc nas oscilações de cálcio em miócitos cardíacos neonatais e transientes de cálcio induzidos por ATP em células HL originadas do átrio cardíaco e em células HeLa expressando conexina 43 ou 26.
  • Este trabalho apresenta os efeitos do fluxo induzidos pelo aumento da pressão da artéria hepática e pela obstrução da veia cava inferior.
  • Este artigo discute a teoria por trás do hash inconsciente e mostra como essa abordagem pode ser aplicada para resistência à violação de software local e autenticação remota de código.

A introdução não tem uma contagem máxima de palavras definida como o resumo, mas deve ser o mais concisa possível, normalmente não mais do que 10 a 15% da contagem total de palavras do artigo. A introdução inicia a história do seu artigo, então só comece a escrevê-la quando tiver uma visão geral do esboço do artigo. Não se esqueça de incluir as citações no texto para cada artigo mencionado. Prefira citar o conteúdo do que citar que o autor do trabalho fez algo.

Materiais e métodos

A seção de métodos visa apresentar de que forma seu estudo foi realizado, vinculando a introdução à seção de resultados. Uma boa dica é já começar a escrever esta seção enquanto desenvolve sua pesquisa, isso porque podemos esquecer de etapas importantes e, se as registramos durante a execução, não deixaremos nada de fora. 😉

Normalmente, em uma pesquisa original de um estudo quantitativo, observamos nesta seção quatro elementos básicos: desenho do estudo, cenário e sujeitos, coleta de dados e análise de dados. É bastante comum usar esses subtítulos para estruturar a seção. No caso de pesquisa com humanos, é necessário declarar a aprovação por comitê de ética ou, se forem dados secundários, informar o porquê não foi necessária esta aprovação. A seção de Materiais e Métodos deve ser escrita no passado.

Comece desenvolvendo um “esqueleto” com os elementos básicos da seção de métodos. Se disponível, consulte artigos publicados anteriormente que estão relacionados ao seu projeto de pesquisa. Isso vai te ajudar a ter uma ideia sobre esta estrutura básica e a obter informações adicionais sobre os métodos. Procure incluir todas as informações (mas de forma concisa) que o leitor precisa entender sobre como as principais descobertas no seu estudo foram derivadas.

Vamos agora detalhar cada um daqueles elementos básicos da pesquisa quantitativa:

Desenho do estudo

Mencione o desenho do presente estudo, como ensaio clínico randomizado, estudo de coorte prospectivo/retrospectivo, estudo caso-controle ou pesquisa transversal. Se for difícil encaixar seu estudo em um tipo específico de desenho, tente descrever os principais componentes do desenho, por exemplo, se foi um estudo de intervenção e/ou observacional e se os dados foram coletados longitudinal e/ou transversalmente. Veja este artigo sobre desenhos de pesquisa para te ajudar nesta etapa da escrita.

Cenário e sujeitos

Explique quando e onde o estudo foi realizado, qual era a população-alvo, como a amostra foi recrutada ou selecionada e quais critérios de inclusão/exclusão foram aplicados. Forneça um cálculo de tamanho de amostra para estudos voltados a testar estatisticamente uma hipótese específica.

Coleta de dados

Com relação à coleta de dados, descreva:

  • Variáveis de estudo e a suas escalas de variação;
  • Cuidados e iniciativas adotadas;
  • Se usou algum equipamento, cite-os, incluindo números de modelo, versão e ano, e as configurações do equipamento;
  • Comitê de ética (informar a aprovação por comitê de ética quando tem a participação de humanos e a não necessidade nos casos específicos (dados secundários, por exemplo).

Se você seguiu um procedimento desenvolvido a partir de outro artigo, cite a fonte de onde veio e forneça uma descrição geral do método.

Análise de dados

Sempre faça uma análise exploratória dos seus dados. Essa etapa é importante para apresentar como os dados estão se comportando na amostra estudada. Forneça detalhes suficientes sobre as técnicas estatísticas que você usou, mesmo que você considere análises básicas.  Seja muito claro também sobre as etapas de pré-processamento dos dados, como lidou com dados ausentes, como trabalhou com as variáveis. Explique o porquê das escolhas metodológicas. Você pode demonstrar a credibilidade de seus métodos citando pesquisas anteriores. Evite colocar resultados na seção de métodos, como número de indivíduos recrutados e acompanhados.

Ao finalizar, pergunte-se: “Um pesquisador seria capaz de reproduzir meu estudo com as informações fornecidas?” Se a resposta for não, você provalvelmente esqueceu de detalhar algo.

Resultados

Esta seção deve apresentar uma descrição clara, concisa e objetiva, mas sem interpretação, dos achados do estudo, sendo escrita, principalmente, no passado. Para cada método (o que você fez), deve haver um resultado correspondente (o que você encontrou) e vice-versa. 

Idealmente, a seção de resultados é uma interação dinâmica entre texto e figuras/tabelas; os dados mais importantes serão mostrados em ambos. A maioria dos periódicos permite que apenas um número limitado de tabelas e figuras façam parte da versão impressa de um artigo (geralmente em torno de 5 a 6). No entanto, ilustrações adicionais geralmente podem ser enviadas como material suplementar para os leitores baixarem do site da revista.

Caso seu estudo apresente diversas etapas, recomenda-se dividir seus resultados em várias seções com cabeçalhos claros seguindo a sequência apresentada em Materiais e Métodos.

Geralmente, são apresentados primeiro os resultados obtidos das análises descritivas seguidos das análises inferenciais. Uma ordem comum de apresentar os resultados é:

  1. Recrutamento/resposta: nesta parte é comum apresentar um fluxograma com os números de participantes que podem ter saído em cada etapa (normalmente Figura 1).
  2. Características da amostra: é muito comum apresentarmos em uma tabela (tipicamente Tabela 1), incluindo características demográficas básicas, bem como as principais variáveis clínicas e de estilo de vida.
  3. Achados das análises primárias, apresentados no início da seção de resultados para enfatizar sua importância.
  4. Achados das análises secundárias e quaisquer achados adicionais (inesperados). 

Sempre use a mesma ordem ao apresentar dados. Por exemplo, sempre relate as descobertas do grupo experimental antes das do grupo de controle. Use as palavras “estatisticamente significativo” se você deseja relatar uma diferença comprovada por um teste estatístico. Forneça tamanhos de efeito, como razões de chances ou riscos relativos, juntamente com seus intervalos de confiança de 95%. O intervalo de confiança de 95% não apenas contém as informações dos valores P, mas também mostra a direção do efeito do tratamento (para danos ou benefícios), o tamanho da estimativa do efeito e seu grau de precisão. Faça uso consistente de decimais significativos para os números relatados. Se você tiver um tamanho de amostra muito grande (digamos N>1.000), apresente os valores numéricos com uma casa decimal. Sempre apresente medidas de tendência central juntamente com suas medidas apropriadas de variabilidade: média (desvio padrão), mediana (intervalo interquartil). Sempre apresente o número absoluto de casos além das medidas relativas (por exemplo, “O percentual foi de 22% (33/150) no grupo intervenção comparado com 15% (23/150) no grupo controle”).

Antes de falarmos da discussão, veja algumas dicas sobre os elementos gráficos que podem explorar em um artigo científico:

Tabelas

As tabelas precisam ser auto-explicativas; um leitor deve ser capaz de compreender completamente a informação sem ter que ler o artigo. Devem ser referidas no texto em ordem cronológica a partir de 1 (por exemplo, “A Tabela 1 mostra…”). O título de uma tabela geralmente é apresentado na parte superior. Crie um título informativo descrevendo o conteúdo da tabela, assegure uma apresentação clara e atraente dos dados e explique todas as abreviações na legenda. A legenda também é útil para apresentar os valores mínimos/máximos das escalas de medição (tornando mais fácil para o leitor interpretar os valores), ou o nível de significância estatística dos testes (geralmente marcados com asteriscos: *P<0,05, **P<0,01, ***P<0,001). 

Evite repetir todas as informações das tabelas no texto, mas enfatize as descobertas mais importantes que apoiam sua hipótese e as descobertas inesperadas ou notáveis. 

Mantenha os títulos das colunas da tabela curtos (máximo de duas linhas) e recue os subtítulos para categorias dentro de uma variável. Apresente apenas os números nas células, colocando suas unidades de medida nos cabeçalhos das colunas ou linhas. Seja consistente: use os mesmos termos para aspectos importantes tanto no texto quanto nas tabelas.

Ao criar tabelas, use linhas horizontais para marcar a parte superior e inferior e para separar os cabeçalhos das colunas do corpo, mas sem linhas verticais, sendo, portanto, “aberta”. Use o formato de página paisagem para tabelas.

Podem apresentar notas explicativas a fim de esclarecer a metodologia de como foi feita a coleta, fontes ou informações que ajudem a esclarecer o conteúdo da mesma.

Quadro

O quadro, diferentemente da tabela, é formado por linhas horizontais e verticais, sendo, portanto “fechado”. Um quadro normalmente apresenta resultados qualitativos (textos). O número do quadro e o título vêm acima do quadro, e a fonte, deve vir abaixo.

Figuras

As figuras são recomendadas quando há necessidade de se ter uma rápida impressão visual. Assim como as tabelas, as figuras precisam ser auto-explicativas e devem ser referidas no texto em ordem cronológica a partir de 1 (por exemplo, “Observamos… (Figura 1)”).  O título de uma figura geralmente é colocado na parte inferior. Se você quiser usar uma figura criada por outra pessoa, é necessário pedir permissão.

Dentro do grupo das figuras temos: gráficos, ilustrações, desenhos, fotos, e qualquer outro material que não seja classificado como quadro nem tabela. Pode ser digitalizada (escaneada), copiada e colada, feita no powerpoint, no próprio Word, ou em outros softwares.

Procure colocar os recursos gráficos em uma única página, sem cortá-los.

Discussão

O objetivo da seção de discussão é apresentar um resumo das principais descobertas e colocá-las em contexto, comparando-as com trabalhos anteriores e discutindo implicações futuras e quaisquer deficiências do projeto de pesquisa.

A estrutura da discussão pode ser visualizada como um funil invertido. Assim, a introdução e a discussão juntas formam uma ampulheta ⌛. 

A discussão começa com a parte mais restrita, respondendo à questão de pesquisa no resumo dos principais achados, e então gradualmente se expande para comparações com outros estudos. A seção de discussão oferece uma interpretação dos dados e nunca deve apresentar novos resultados. 

Uma seção de discussão típica consiste em:

  1. Principais achados: comece apresentando as principais descobertas, respondendo à pergunta de pesquisa exatamente da mesma maneira que você a declarou na seção de introdução. Se você não puder apresentar as principais descobertas em três frases, isso pode significar que você esqueceu o enredo do artigo. Não desperdice palavras repetindo os resultados em detalhes, e use apenas números ou porcentagens se forem realmente necessários para sua mensagem. Não ignore ou encobra resultados inconvenientes. Mencione descobertas inesperadas declarando explicitamente que elas foram inesperadas e não se relacionam com uma hipótese anterior.
  2. Comparação dos achados com os relatados na literatura: discuta as razões das diferenças e semelhanças com seus resultados e mencione as limitações desses estudos, mas seja respeitoso e objetivo. Importante, tente enfatizar o que seus dados adicionam ao corpo de evidências existente. Nesta etapa vale a pena você fazer perguntas do tipo: “Como meus resultados se comparam aos de estudos semelhantes?” e “Eles são consistentes ou inconsistentes com o que outros pesquisadores descobriram?” Se forem inconsistentes, tente discutir o porquê.
  3. Pontos fortes: o que o seu trabalho apresenta como diferencial.
  4. Limitações: todo estudo tem suas limitações, e você deve se certificar de mencioná-las. 
  5. Implicações para a prática clínica e/ou pesquisa: tente formular possíveis implicações para a vida real. ⚠️ Nunca apenas escreva que mais pesquisas são necessárias. Não tente “vender” ou anunciar estudos futuros, pois os editores da revista ou seus leitores não têm acesso a esses dados naquele momento. 

Comece a pensar na discussão antes mesmo de coletar os primeiros dados. Ao ler a literatura relevante você já começará a ter contato com possíveis trabalhos que serão usados na discussão.

Escreva a discussão imaginando-se em um diálogo com um leitor interessado. Seja cauteloso ao escolher palavras muito fortes. É apropriado usar “pode” ou “deve”. “Mostrar”, “demonstrar” e “sugerir” também são mais apropriados do que “provar”, que dificilmente pode ser usado em pesquisas.

Conclusão

A seção de conclusão apresenta o resultado do trabalho interpretando as descobertas em um nível de abstração mais alto do que a discussão e relacionando essas descobertas com a motivação declarada na introdução. As conclusões não são o resumo dos resultados, mas a sua interpretação para aquele caso específico.

Dependendo da revista, a conclusão pode vir como último parágrafo da discussão ou localizada em sua própria seção curta. Procure terminar com uma nota forte, de forma que os leitores lembrem do seu trabalho.

Referências

Uma dica para facilitar na hora de organizar as referências é utilizar um programa de gerenciamento. A maioria deles permite salvar a referência por meio de um plug-in no seu navegador e, então, utilizá-la no seu editor de texto por meio de outro plug-in. Você poderá escolher a formatação solicitada pelo periódico e, automaticamente, todas as referências serão atualizadas no seu texto. Dentre os programas de gerenciamento mais comuns estão o Mendeley, Zotero, EndNote e JabRef.

Procure sempre voltar à fonte original quando for utilizar a informação no seu texto. Se você usar uma citação direta, coloque a frase entre aspas. Tenha muito cuidado com as adaptações de frases completas. Pegue as informações e use suas próprias palavras, parafraseie e resuma para evitar a acusação de plágio. Evite notas de rodapé.

Insera as referências que sejam relevantes para a questão de pesquisa na introdução e aquelas que sejam relevantes para a interpretação dos resultados na discussão, embora possa haver sobreposição. Se você tiver várias referências que respaldem uma afirmação específica, escolha a que achar mais apropriada. Considere escolher a referência que (1) fornece o mais alto nível de evidência, (2) está disponível em acesso aberto, (3) foi publicada mais recentemente ou (4) foi publicada no periódico para o qual você está enviando seu manuscrito . Este último irá demonstrar aos editores que você conhece e lê o jornal deles.

Verifique cuidadosamente a lista de referências antes de enviar. O software de referência pode ser útil, mas pode cometer erros durante a formatação. 

Escolha do periódico

Antes de começar a escrever, pense em possíveis periódicos. Lembre-se de diversos fatores como custo para publicação, fator de impacto, qualis, escopo da revista. Os artigos utilizados na introdução e discussão podem fornecer ideias de periódicos que combinem com o seu trabalho.

Equilibre o desejo de publicar em periódicos de alto fator de impacto com o tempo que você tem para publicar. O envio de um artigo para um periódico com alta taxa de rejeição pode fornecer feedbacks úteis, mas também pode atrasar seu processo de publicação em vários meses, pois podem ser necessárias várias submissões. 

Discuta os periódicos-alvo relevantes, priorize-os e classifique uma lista final de 3 a 5 periódicos. Isso permitirá que você se concentre em seu primeiro periódico de escolha e siga as instruções do autor, além de fornecer uma estratégia predefinida caso o artigo seja rejeitado pelo primeiro periódico.

Apresentação de um artigo

Assim que o artigo estiver finalizado e você o considera pronto para a submissão ao periódico escolhido, reflita sobre algumas perguntas:

Estou satisfeito com o artigo?

O enredo é óbvio, lógico e interessante?

O texto é claro, mas também conciso?

Fui consistente no uso dos termos?

O idioma está correto e não há nenhum erro de digitação?” (Caso sua língua materna não seja o inglês, pode ser útil que seu trabalho seja verificado por um falante nativo ou por um serviço profissional de edição de idiomas (se a submissão for em inglês, claro!).

Essas perguntas serão importantes para você decidir se deve prosseguir com a submissão ou precisa de um último retoque.

Se você considera tudo OK, vamos à formatação. Cada revista tem seus próprios requisitos específicos para o artigo (por exemplo, número máximo de palavras, estilo de referência, se as tabelas e figuras devem ser incorporadas ao artigo ou enviadas separadamente), que podem ser encontrados nas instruções ao autor no site da revista. 

Outro arquivo que normalmente é enviado junto com o manuscrito é a carta de apresentação (cover letter). Ela pode ser a primeira coisa que o editor irá ler, por isso, “venda o seu peixe”. A carta de apresentação pode apresentar os seguintes elementos básicos. 

  1. Sua solicitação: submeter o artigo (mencionando seu título) para publicação na revista (nome da revista). 
  2. Um resumo do artigo (em 2-3 frases): qual problema relevante ele aborda, a principal descoberta e uma mensagem de por que essa descoberta é importante. 
  3. Uma declaração da relevância do artigo para o público da revista. Uma boa razão seria que o trabalho relacionado foi publicado na mesma revista anteriormente. Certifique-se de citar esse trabalho, pois isso mostra seu conhecimento e interesse pela revista.
  4. Informações adicionais exigida pela revista, como uma declaração de que o material não foi submetido a outro lugar ou uma declaração sobre conflitos de interesse.

Muitos periódicos irão solicitar também que você informe potenciais revisores (normalmente 2 ou 3). O periódico pode contatá-los, mas frequentemente convidará revisores adicionais para receber pelo menos duas revisões de boa qualidade. Alguns periódicos também solicitam revisores não preferenciais, que em sua opinião podem não ser capazes de fornecer uma avaliação objetiva do manuscrito.

O sistema de submissão online de uma revista irá guiá-lo passo a passo no processo. Este pode ser feito de uma vez só ou em etapas, por meio da opção de salvar o processo. Assim que terminar o seu envio, você deve arquivar todas as informações do processo de envio. Monitore o status de sua submissão regularmente e entre em contato com o periódico se o status não estiver claro ou quando uma decisão estiver demorando muito (por exemplo, quando você não tiver notícias do periódico em 2-3 meses).

Resposta aos revisores

Existem três tipos de decisões editoriais sobre os trabalhos submetidos: aceitação, rejeição (imediatamente pelo editor da revista ou após revisão por pares) ou revisão (geralmente com revisão por pares). 

Uma revisão bem escrita é estruturada em “comentários principais”, que você precisará abordar em uma revisão, e “comentários menores”. A versão revisada do artigo será lida e julgada pelo editor e também poderá ser devolvida aos revisores para avaliar se os comentários foram abordados satisfatoriamente. Os revisores e editores podem então solicitar revisões adicionais.

Se você receber uma decisão de “rejeitar após revisão”, fique calmo e tente ver o lado bom das coisas. Você provavelmente recebeu diversas críticas construtivas que deixarão seu trabalho melhor ainda para a tentativa seguinte. Lembre-se também que os trabalhos são mais frequentemente rejeitados do que aceitos. Depois de receber a decisão, leia-a, reflita, leia-a novamente, e tente entender os motivos da rejeição. 

Ao receber uma decisão de “revisar e reenviar”, leia o relatório com atenção e dê um tempo para assimilar o que foi dito antes de iniciar a revisão/escrever a resposta. Copie e cole todos os comentários em um novo documento e responda cada comentário de acordo com a seguinte estrutura:

  1. Resposta do autor: responda brevemente à crític;
  2. Alterações no artigo: informe se e onde no artigo você fez revisões. Indique as revisões do seu artigo no presente do indicativo ou no passado perfeito, por exemplo, “Agora apresentamos dados sobre […] na Tabela 1” ou “Adicionamos informações sobre […] ao terceiro parágrafo da seção de métodos”. Em seu artigo revisado, marque o texto que foi alterado desde a versão anterior, por exemplo, usando a opção “rastrear alterações” do seu processador de texto. 

Seja respeitoso com os revisores em sua resposta aos comentários deles. Acrescente uma palavra de agradecimento a cada revisor por dedicar um tempo para sugerir melhorias. Tente aderir ao máximo de sugestões de revisão com as quais você possa concordar. No entanto, você também pode discordar respeitosamente do comentário de um revisor. Forneça argumentos sólidos para apoiar seu ponto de vista, incluindo referências a evidências de seus próprios dados ou trabalhos publicados anteriormente. Os revisores que lerem sua resposta e o artigo revisado devem ter a impressão de que você levou seus comentários a sério e que fez o possível para melhorar o artigo de acordo. 

Erros de português para você evitar durante a escrita

Confusões entre palavras

  1. “Mal” (advérbio ou substantivo, contrário de bem) e “mau” (adjetivo, contrário de bom)
  2. “Independente de” (qualidade ou um estado) e “independentemente de” (advérbio e significa “de forma independente”)
  3. “A princípio” (tem sentido de início) e “em princípio” (sentido de valor ou essência)
  4. “Há” (verbo, sentido de existir) e “a” (marca uma distância (temporal ou espacial))
  5. “Haver” (verbo) e “a ver” (afinidade (ou não) entre duas coisas)
  6. “Haja” (verbo) e “aja” (verbo “agir”, dá para trocar por “existir”)
  7. “Vem” (vem de “vir”) e “veem” (conjugação de “ver”)
  8. “A gente” (”nós”) e “agente” (profissão, tipo 007)
  9. “Acerca de” (“sobre” ou “a respeito de”) e “cerca de” (“perto de”, “mais ou menos”)
  10. “De trás” (resposta para “de onde”) e “atrás” ou “detrás” (resposta para “onde”)
  11. “Aparte” (significa um comentário isolado, como se fosse um parêntese em um discurso) e “à parte” (aquilo que já está ou vai ser separado)
  12. “Decerto” (pode ser substituida por “certamente”) e “de certo” (não pode ser substituida por “certamente”)
  13. “Propício” (substitua por apropriado) e “propenso” (substitua por tendendo)
  14. “Senão” (sentido de “mas sim”, “do contrário” e “exceto”, sem que você possa separar os dois elementos) e “se não” (pode inserir alguma coisa entre o “se” e o “não”)
  15. “A fim” (com a finalidade de ) e “afim” (afinidade)
  16. “Perca” (verbo, não aceita artigo antes) e “perda” (substantivo, aceita um artigo antes)
  17. “Descriminar” (tirar a culpa de um crime) e “discriminar” (separar as coisas, tratar as pessoas ou questões de forma desigual por causa de algum preconceito)
  18. “Absolver” (tirar a culpa, perdoar) e “absorver” (desaparecer um líquido)
  19. “Ao invés de” (contrastar ideias opostas) e “em vez de” (no lugar de)
  20. “Na medida em que” (sentido de causa e pode ser trocada por “porque” ou “visto que”) e “à medida que” (progressão proporcional)
  21. “De encontro a” (algo negativo, indica uma oposição) e “ao encontro de” (positivo, mostra a afinidade entre duas coisas)
  22. “Viajem” (verbo) e “viagem” (substantivo)
  23. “Seção” (divisão ou subdivisão) e “sessão” (evento que dura um tempo determinado)
  24. “Comprimento” (medida) e “cumprimento” (saudação, o aperto de mãos, etc., além do substantivo do verbo “cumprir”)
  25. “Descrição” (vem de descrever) e “discrição” (vem de discreto)
  26. “Hora” e “ora” (“agora” e “além disso”)
  27. “Tachar” (atribuir qualidades negativas a alguém) e “taxar” (relacionado a taxas, tarifas, pagamentos)
  28. “Meio” (metade, mais ou menos) e “meia” (metade ou a meia que calçamos antes dos sapatos)
  29. “Eminente” (excelente, importante, superior) e “iminente” (algo imediato, que está por acontecer em breve)
  30. “Embaixo” e “em cima”O erro aqui não é o significado, claro, mas a escrita. Para ajudar a se lembrar disso, vale pensar na letra “V”, que tem duas pontas em cima e apenas uma embaixo. Assim, você não se esquece de qual dessas duas expressões tem duas palavras e qual tem apenas uma.
  31. “Em cima” e “acima” Decorou que “em cima” se escreve separado? Ótimo, mas não confunda com “acima” (e “abaixo”!), que é uma palavra só, ok?
  32. “Saber” (estar ciente) e “conhecer” (compreender alguma coisa mais a fundo)
  33. “Eficaz” (cumprir com o esperado), “efetivo” (efetivar, isto é, concretizar algo) e “eficiente” (precisa fazê-lo de forma a gastar a menor quantidade de energia e recursos possível)
  34. “Qualquer” (usado em frases negativas), “algum” (pode ser usado no sentido negativo quando vem logo depois de um substantivo) e “nenhum” (usado em frases afirmativas)
  35. “Simples” (sentido de humilde, sem muita ornamentação, singelo) e “fácil” (aquilo que, mesmo se envolver diversos passos, não demanda muita habilidade)
  36. “Este” (refere-se ao que está perto de quem está falando, ao tempo presente e ao que queremos dizer a seguir) e “esse” (refere-se ao que está longe de quem fala, ao tempo futuro ou passado, e ao que já dissemos antes)
  37. “Por que” (para perguntas e no sentido de “por que razão”) e “porque” (para respostas)
  38. “Por quê” (quando está no final da frase) e “porquê” (substantivo, podenso ser usado com artigo (“o porquê”))
  39. “A meu ver” e “Ao meu ver” (não existe)
  40. “Ratificar” (confirmação, comprovação) e “Retificar” (corrigir)
  41. “Mas” (porém) e “Mais” (advérbio de intensidade, uma soma)

Concordância e regência

  1. “Havia” (usado no sentido de existir) e “haviam” (quando usado como verbo auxiliar)
  2. “Faz” (usado apenas no singular) e “falta” (pode ir para o plural)
  3. “Tem” (quando conjugado no singular) e “têm” (quando conjugado na terceira pessoa do plural (“eles” e “elas”))
  4. “Vem” (quando conjugado no singular) e “vêm” (quando conjugado na terceira pessoa do plural (“eles” e “elas”))
  5. “Mantém” (quando conjugado no singular) e “mantêm” (quando conjugado na terceira pessoa do plural (“eles” e “elas”))
  6. “Contém” (quando conjugado no singular) e “contêm” (quando conjugado na terceira pessoa do plural (“eles” e “elas”))
  7. “Lembrar-se de” (aqui precisa de preposição) e “lembrar” (aqui não precisa de presposição)
  8. “Assistir” (acompanha preposição quando o sentido for “ver”)
  9. “Implicar” (pode vir acompanhado de nada menos que três preposições diferentes, dependendo do seu sentido na frase: “implicar com” (no sentido de não gostar), “implicar em” (envolver-se), “implicar” (no sentido de ter por consequência ou requisito))
  10. “Acarretar” algo a alguém
  11. “Onde” (lugar onde alguma coisa está), “aonde” (movimento a algum lugar) e “de onde” (origem de algo)
  12. “Em que” (pode ser usado para falar de locais mais abstratos) e “onde” (só serve para representar lugares físicos)
  13. “Lhe” (serve para substituir objetos indiretos, isto é, que precisam de preposição) e “o” (só é usado para os objetos diretos, ou seja, sem preposição)
  14. Ênclise de “o”: quando “-o” vem ligado depois do verbo (ou seja, em ênclise), ele precisa mudar de forma em dois casos diferentes: depois de verbos que terminariam em “r”, “s” ou “z”, quando se transforma em “-lo”; e depois de verbos que terminam em sons nasais (com “m” ou til), quando vira “-no”.
  15. “Dele” e “de ele” (quando o pronome reto da 3ª pessoa (“ele” e suas declinações) for o sujeito de um verbo no infinitivo)
  16. “Mim” (se houver preposição), “me” (se não houver preposição) e “eu” (quando for sujeito)
  17. “A maioria” (prefera manter o singular)
  18. Porcentagens (substantivo sempre vai mandar mais que o número, a não ser que haja um artigo antes da porcentagem ou que o número seja de apenas 1%)
  19. Um dos”/“Uma das” (concorda com o plural)
  20. Sujeito indeterminado (duas opções possíveis para a conjugação do verbo: na 3ª pessoa do plural (eles); ou do singular (ele) com o verbo acompanhado do pronome “-se”)

Acentuação

  1. “À” (versão feminina de “ao”)
  2. Crase antes de nome de lugar (pode ter que ser empregado antes de nomes de lugar que vêm usualmente acompanhados de artigo feminino)
  3. “Àquele”/”Àquilo”/”Àquela” (união dos dois “As” (da preposição e do pronome))
  4. Palavras proparoxítonas (tônica fica na terceira sílaba de uma palavra, contando da direita para a esquerda)
  5. Paroxítonas em “oi” e “ei” na nova ortografia (perderam o acento que tinham antes do novo acordo ortográfico)
  6. Oxítonas em “oi” e “ei” (continuam acentuadas)
  7. O trema (só aparecem em palavras de origem estrangeira e seus derivados)

Pontuação

  1. Vocativo (serve para se dirigir ao interlocutor ou chamar a pessoa (ou pessoas) com quem você está falando. Precisa vir separado do restante por vírgulas)
  2. Aposto (serve para inserir uma pequena explicação dentro de um período. Precisa vir separado do restante por vírgulas, sendo algo dispensável)
  3. Enumeração em itens (terminar cada bullet com ponto final ou o ponto e vírgula)
  4. Enumeração dentro de um mesmo período (separar cada item apenas por vírgula, unindo os dois últimos por “e”, sem vírgula entre o último e o penúltimo item)
  5. “Etc.” (colocar uma vírgula logo antes da palavra, não duplicar o ponto final nas frases terminando com “etc.”, não usar reticências após a expressão e, ainda, não colocar “e” antes dela, apenas a vírgula)
  6. Orações conclusivas (é preciso destacar a conclusão por meio de vírgulas, seja logo antes da conjunção (à sua esquerda) ou mesmo depois dela. Exemplo: Estou aprendendo, logo ainda cometo erros)
  7. “Pois” conclusivo ou explicativo (obrigatório que o termo venha isolado por vírgulas na oração e ainda apareça logo depois do verbo)
  8. Orações adversativas (marcadas por conjunções como “mas”, “todavia”, “porém”, “entretanto”, etc. Nelas, deve haver uma vírgula (ou ponto final) à esquerda, ou duas vírgulas em torno da conjunção)
  9. “Mas sim” e “e sim” (pode ser interessante precedê-las de vírgula para marcar o contraste entre os dois elementos que você está colocando em oposição)
  10. “Isto é” e “ou seja” (precisam ficar isolados na oração)
  11. Vírgula entre sujeito e predicado (não se deve colocar uma vírgula entre um e outro, por mais longo que o sujeito seja)

Outros erros

  1. Gramas (planta é feminina, como medida é masculina)
  2. Redundâncias (“A grande maioria”; “Subir para cima” ou “descer para baixo”; “Sair para fora” ou “entrar para dentro”; “Planejar antecipadamente”; “Há alguns anos atrás”)
  3. “No qual”, “o qual”, “do qual”, “pelo qual” (contar o número de sílabas da preposição: se forem duas ou mais, usa-se “qual”, e não “quem” ou “que”)
  4. “Através” (ideia de atravessar) e “Por meio de”

Números

  1. Escreva todo número abaixo de dez por extenso (três, sete, nove…)
  2. Escreva números sempre que dois ou mais estiverem em um mesmo período (Por exemplo: Cerca de 25% das pessoas não participaram do estudo, mas apenas 1 não avisou previamente)
  3. Nunca misture número com numerais (por extenso) (Por exemplo: Cerca de 25% das pessoas não participaram do estudo, mas apenas um não avisou previamente)
  4. Use números seguidos de palavras quando os últimos cinco ou seis dígitos forem zero (Cerca de 5 milhões de pessoas… e não Cerca de 5.000.000 de pessoas…)
  5. Escreva decimais e frações em números (Aproximadamente ¾ das pessoas… e não Aproximadamente três quartos das pessoas…)
  6. Não comece uma frase com números (Por exemplo: 20 pessoas foram…)

Referências

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  • Kotz, D., & Cals, J. W. (2013). Effective writing and publishing scientific papers, part I: how to get started. Journal of Clinical Epidemiology66(4), 397.
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  • Kotz, D., & Cals, J. W. (2014). Effective writing and publishing scientific papers, part XI: submitting a paper. Journal of Clinical Epidemiology67(2), 123.
  • Kotz, D., & Cals, J. W. (2014). Effective writing and publishing scientific papers, part XII: responding to reviewers. Journal of clinical epidemiology67(3), 243.
  • English Communication for Scientists. Disponível em: https://www.nature.com/scitable/ebooks/english-communication-for-scientists-14053993/118519636/. Acesso em 11 de março de 2022.
  • 102 erros de português mais comuns para você nunca mais cometer! Disponível em: https://rockcontent.com/br/talent-blog/erros-de-portugues/. Acesso em 11 de março de 2022.
Letícia Raposo
Letícia Raposo
Professora Adjunta

Biomédica e matemática de formação, atualmente é professora de Estatística da UNIRIO. Ama programar nas horas vagas acompanhada de um bom café. ☕